TV digital em smartphones
novembro 30, 2008 – 4:05 pmOutro componente que pode se tornar comum em smartphones é o receptor de TV, que permite captar o sinal de TV digital (ou analógica) diretamente, sem depender do uso da rede de dados para a transmissão dos vídeos.
Para muitos, a idéia de assistir TV no smartphone pode soar ridícula. Afinal, por que alguém iria querer assistir em uma tela de duas ou três polegadas quando pode assistir em uma tela de 20" ou mais. A questão principal é que o smartphone é um objeto que está sempre com você e por isso permite acompanhar eventos ou as notícias sobre algum acontecimento importante de onde estiver, diferente da TV que fica parada na sala. Eles são também objetos de uso bem mais pessoal.
Alguns aparelhos da Foston e outros fabricantes chineses incluem receptores analógicos já a um bom tempo (embora com uma qualidade de recepção longe do ideal), mas a novidade são os aparelhos com receptores digitais, que lentamente estão se popularizando. A grande vantagem do sistema digital é a questão da qualidade, permitindo que você assista aos programas sem sombras ou chuviscos.
Incluir um receptor de TV digital em um smartphone é mais complicado do que parece, já que além da questão do custo existe o problema do consumo elétrico. Outro desafio é a variedade de padrões de transmissão, já que os aparelhos precisam ser modificados para incluírem os controladores necessários para suportarem os padrões de transmissão de cada região.
Um bom exemplo é o Nokia N96, que inclui um receptor de TV digital, mas é compatível com o DVB-H (o padrão de TV digital móvel usado na Europa e em alguns outros países) e não com o padrão brasileiro, o que torna o receptor de TV inútil por aqui. Apesar disso, a Nokia optou por lançar o aparelho assim mesmo, já que desenvolver uma nova revisão com um receptor compatível com o padrão nacional seria caro e demorado.
Começando do básico, o padrão de TV digital adotado pelo Brasil é o SBTVD, derivado do padrão ISDB-T, usado no Japão. Você com certeza já ouviu falar que um dos motivos para a adoção do padrão japonês no Brasil era o suporte a dispositivos móveis, mas talvez nunca tenha se perguntando no que exatamente consiste este suporte, já que, afinal, o sinal é transmitido da mesma forma.
O grande problema é smartphones e outros dispositivos portáteis não possuem poder de processamento suficiente para decodificar o sinal de alta resolução, por isso o padrão móvel consiste em oferecer um sinal separado, de baixa resolução, que possa ser decodificado usando menos ciclos de processamento e, consequentemente, menos carga da bateria. Outra vantagem é que, devido à menor carga de processamento, é possível fabricar chips decodificadores mais simples e baratos, o que abre as portas para a inclusão em um maior número de dispositivos.
Tanto no SBTVD quanto no ISDB-T, cada canal é dividido em 13 segmentos, sendo um deles reservado à transmissão do sinal destinado a dispositivos móveis. Essa característica acabou dando origem ao nome do padrão: 1Seg (pronuncia-se "one seg").
O sinal 1Seg é transmitido juntamente com o sinal principal e através dos mesmos transmissores. A grande diferença é que ele utiliza uma qualidade mais baixa, com resolução de até 320×240 e bitrate de até 320 kbps para o vídeo e até 64 kbits para o som.
Apesar de muitos torcerem o nariz, este sinal de baixa resolução acaba sendo ideal para os dispositivos móveis, já que eles não possuem telas com resolução suficiente para exibir o sinal de alta resolução de qualquer forma. Se seu smartphone tem uma tela QVGA, o sinal 1Seg fica bem dentro do que ele é capaz de exibir.
A primeira empresa a lançar modelos compatíveis com o padrão nacional, foi a Samsung, com o V820L e o i6210. Isso não aconteceu por mera coincidência, já que a Samsung é uma das maiores fabricantes de aparelhos destinados ao mercado japonês, onde também é usado o padrão 1Seg. Além da Samsung, temos alguns aparelhos da Toshiba/STI, que devem ser seguidos por modelos de outros fabricantes:
Essa primeira geração de aparelhos ainda utilizam antenas externas, mas a tendência é que as antenas sejam miniaturizadas e passem a ter incluídas na topo da tela, assim como no caso das antenas para redes Wi-Fi.
Inicialmente, os aparelhos com TV digital não devem ser muito comuns, já que eles ainda são consideravelmente mais caros que aparelhos similares sem o receptor, mas conforme a tecnologia cair de preço, ele deve passar a ser um item de série em mais e mais modelos (assim como o Bluetooth e o Wi-Fi), como já aconteceu no Japão. A grande incógnita é ainda se os usuários aceitarão pagar um pouco mais pelos aparelhos com TV digital (o que aceleraria a adoção), ou se passarão a comprá-los apenas quando o preço cair ao mesmo nível dos aparelhos sem o receptor.
Com relação aos fabricantes, a maior dúvida é ainda a Nokia, que é uma das incentivadoras do DVB-H, o padrão europeu. Como o único outro país que usa o padrão 1Seg é o Japão, onde a Nokia possui uma participação muito pequena, a possibilidade de virem a lançar aparelhos com receptores 1Seg integrados num futuro próximo é pequena.
Apesar da função ser basicamente a mesma, e existirem similaridades do ponto de vista técnico, o DVB-H se baseia em um modelo de negócios completamente diferente do 1Seg.
A grande diferença é que no 1Seg o broadcast é feito pelas próprias emissoras de TV e usando as mesmas antenas. Você tem acesso aos mesmos canais de TV aberta que sintonizaria em casa e não paga nada para assistí-los. No DVB-H, por sua vez, a estrutura de transmissão é geralmente montada por empresas independentes, que precisam licenciar os programas a serem transmitidos, como na TV a cabo. Embora a programação seja transmitida via broadcast (sem usar a rede de dados), a transmissão é protegida por um conjunto de chaves de encriptação, de forma que apenas os assinantes do serviço podem assistir os canais, da mesma forma que na TV a cabo. No Europa, a maioria dos serviços custam em torno de US$ 15 mensais, mas a adoção é ainda baixa.
Pessoalmente, sou cético com relação ao DVB-H em smartphones, pois poucos usuários pagarão pela assinatura dos canais e a necessidade de criar uma estrutura separada faz com que o uso do padrão seja problemático também para a transmissão de canais de TV aberta. O que fez com que ele fosse adotado pela Nokia e por algumas operadoras foi a possibilidade de ganhar com a venda de assinaturas, e não necessariamente fatores técnicos.
Concluindo, temos também os diferentes sistemas de Web TV, onde vídeos e programas são transmitidos sob demanda usando a rede de dados. Hoje em dia, praticamente todas as operadoras oferecem algum tipo de serviço de streaming de vídeos (como no caso do Tim TV e do Vivo Play), com tarifas e programações variadas. Assim como o DVB-H, as tarifas fazem com que eles não sejam muito populares, muito embora exista um grande interesse por parte das operadoras, que vêem a possibilidade de ganhar com a venda de assinaturas.
Estes serviços tendem a se tornar menos e menos populares conforme cresça o uso dos planos de acesso ilimitados, já que tendo acesso à web você passa a ter acesso a uma programação muito mais variada através do Youtube, cujo uso em dispositivos móveis cresce rapidamente, junto com a disponibilidade dos planos com tráfego ilimitado.
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